O interessado em abrir empresa e ascender na carreira empreendedora deve entender que são inúmeros os desafios que surgirão ao longo do caminho, mas que os mesmos devem ser levados como aprendizado. Parece clichê, não é mesmo?
Porém, toda novidade tem seus obstáculos que deverão ser superados para que se possa colher os bons frutos. No campo do empreendedorismo não é diferente, empreender torna-se um estilo de vida, um perfil almejado por muitos, portanto, nós estamos aqui para ajudá-lo a alavancar de vez sua carreira empreendedora.
Entendemos o quanto as transformações no mercado são constantes, mas alguns dos princípios básicos devem ser alvo da sua atenção ao iniciar uma nova empreitada, ou mesmo, para quem deseja renovar as diretrizes de um negócio já existente.
Separamos algumas dúvidas que, ocasionalmente, são questionadas por quem está na área ou pretende ingressar.
1. Planejamento Estratégico: o pontapé inicial
Inicialmente, um dos fatores que mais interferem no bom andamento de um negócio é um planejamento estratégico muito bem definido.
O que isso quer dizer?
Quer dizer que a sua empresa deve ter uma identidade fortemente estabelecida, ou seja, muito além do “Missão, Valores e Visão”, também é importante que seja definido qual seu papel no mercado, como ela é conhecida, sua relevância dentro do setor em que atua e afins.
O planejamento deve ser feito cautelosamente, pensando na atuação de cada participante ao traçar quais caminhos a empresa deverá seguir e onde, futuramente, a empresa quer chegar.
Diagnóstico
O início do planejamento, conhecido como Diagnóstico (ou análise SWOT), é onde identificamos os pontos fracos e fortes existentes no empreendimento.
A colaboração da equipe é importante para que sejam identificadas as fraquezas internas, pontos que precisam de atenção e melhoria na organização estrutural.
Além disso, as oportunidades também deverão ser identificadas para melhor clareza das ações que melhor convém para o aproveitamento da empresa, bem como, exaltar os pontos fortes.
A produtividade conta com melhoria significativa e, como consequência, a qualidade nos resultados financeiros também sofre aumento.
Explore o mercado ao máximo, conheça seus concorrentes, estude sobre gestão e liderança, não fique estagnado ao se deparar com desafios, procure resolvê-los junto à sua equipe, estas são ações que podem modificar beneficamente a cultura da sua empresa.
2. Escalabilidade do negócio
Todo negócio que tem a pretensão de se tornar grande, deve ser escalável, mas em termos práticos, o que isso significa?
Quer dizer que a sua renda deverá apresentar crescimento consideravelmente maior que os custos ao longo da vida da empresa.
Conforme a empresa apresenta crescimento, é necessário que haja um planejamento relacionado à gestão, integrando todos os setores para adequar a nova realidade de produção da empresa.
Um modelo de negócio escalável, consequentemente, é melhor avaliado, agregando potencial de expansão ao empreendimento e atraindo investidores, dentre estes, os investidores anjo, que são uma excelente oportunidade e, caso o seu negócio esteja no radar de um deles, a chance de alavancar é muito grande.
Algumas características são imprescindíveis neste tipo de negócio:
Padronização do produto
Produtos que não demandam personalização possuem menor tempo em relação à processo de produção e entrega, o que demanda menor investimento para elaboração em grande escala.
Tendo em vista estes fatores, produtos e serviços padronizados são uma forma de otimizar seu plano de negócio, tornando a escalabilidade um modelo possível dentro do empreendimento.
Execução ensinável
Seguindo a padronização dos produtos e serviços, a produção torna-se um processo melhor aplicável e, consequentemente, ensinável.
O modelo de negócios franchising, é um ótimo exemplo de como a padronização é facilmente ensinável e aplicável, sendo uma das etapas cruciais que classificam o negócio como escalável.
Automatização dos processos
Para manter um negócio escalável é necessário que a produção seja automatizada, o que significa maior otimização do tempo e dos recursos relacionados à mão de obra.
As novas tecnologias são grandes aliadas, procure aquelas que melhor atendem o seu negócio, seguindo a lógica de que a escalabilidade é aplicada quando se produz mais resultados com menor espaço de tempo e menor quantidade de recursos.
Marketing
O cliente final deve ser impactado no seu negócio em grande escala, as ações de marketing são uma etapa essencial para o empreendimento deslanchar. Sendo assim, a produção de conteúdo é imprescindível para aumentar a cartela de clientes.
Com o acesso da internet cada vez mais democrático, é hora de investir em campanhas direcionadas para este tipo de mídia, preocupando-se sempre em saber qual o seu público.
Clientes satisfeitos tornam-se propagadores da marca de forma orgânica, invista na satisfação e fidelidade do seu público, o marketing está aí para ampará-lo. Conheça seus diferenciais e deixe que os clientes também percebam suas vantagens ao contratar seus serviços ou adquirirem seus produtos.
3. Como definir o capital social do seu negócio
Uma das dúvidas dos empreendedores é do que se trata o capital social e como defini-lo, visando as especificidades do seu empreendimento. De maneira simplificada, é todo o investimento inicial dos sócios no início da vida da empresa.
Inicialmente, o negócio não deverá trazer retorno imediato, por isso a importância do capital social como pilar da companhia para suprir despesas relacionadas à insumos, publicidade, impostos e pagamento dos colaboradores, pensando que o lucro será, somente, futuro.
Capital social pensando no seu empreendimento
Nesta hora é importante que o planejamento estratégico esteja bem definido para que o capital social esteja de acordo com suas despesas iniciais.
Reúna os sócios, se for esse o caso, e decidam qual será o valor para cobrir os gastos até que seja gerada receita. Atente-se às peculiaridades de cada modalidade de empresa:
- Empresas MEI não podem ter sócios, ou seja, não há necessidade de declaração de capital social inicial;
- No caso das empresas EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), deve-se estar atento, pois o capital social deverá ser equivalente à cem vezes o salário mínimo vigente;
- No caso das empresas Limitada (LTDA), os sócios tem como obrigação, contribuir para a formação do capital social.
Assim que definido qual será o capital social da sua empresa, é necessário que haja a formalização por meio da documentação por escrito no contrato social, considerando que a cada aumento do capital social, o contrato deverá sofrer as devidas alterações.
Saiba quando é a hora de migrar do MEI para ME.
4. Importância do Capital de Giro
Os recursos financeiros que se encontram em estoque na empresa para suprir as despesas fixas e variáveis, podem ser chamados de capital de giro.
O termo, muito usado no universo do empreendedorismo, significa quais são os investimentos líquidos, ou seja, todo o valor a receber que está disponível para que a empresa mantenha o funcionamento de forma financeiramente saudável.
Pense no capital de giro como a sua reserva, aquele valor que será essencial para cobrir suas despesas básicas em momentos críticos da vida da empresa, mantendo a saúde financeira do empreendimento em dia.
O empreendedor tem como função, zelar pela saúde da empresa, e uma das partes essenciais é manter o capital de giro ativo, principalmente quando a empresa está no início, momento em que o faturamento é destinado a custear investimentos.
5. Como escolher seu regime tributário
Regimes tributários representam o conjunto de leis que regulamentam a forma de tributação da pessoa jurídica no que tange ao imposto de renda (IRPJ) e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL).
No Brasil, existem três opções de regime tributário que podem ser aplicados ao negócio, considerando o faturamento e modalidade da empresa (MEI, EIRELI, Ltda., S.A., ME, EPP), sendo:
Simples Nacional
Exclusivo para empresas de micro e pequeno porte, visando que a receita anual não deverá ultrapassar 4,8 milhões de reais para adesão do regime tributário.
O Simples Nacional, tem como propósito, desburocratizar e simplificar a vida dos empreendedores, visto que é diferenciado e simplificado, como já indica o nome.
Um dos pontos fortes deste regime é que todos os impostos (federais, estaduais e municipais) são taxados em uma única guia.
O que é o Simples Nacional: benefícios e peculiaridades.
Lucro Presumido
Regime tributário que surgiu em 1943, onde o cálculo do IR e CSLL é baseado em um percentual que corresponde ao lucro da empresa, este percentual é pré-estabelecido por lei e aplicado sobre a receita bruta da empresa.
Este regime pode ser aplicado pela empresa que tenha receita bruta anual inferior a 78 milhões de reais.
Lucro Real
Para empresas onde a receita bruta anual é superior a 78 milhões de reais, o Lucro Real é um regime obrigatório, atividades empresariais específicas também devem aderir, como: financeiras e quem receba receitas advindas do exterior.
Atente-se ao optar por este regime, a fiscalização é intensa e, portanto, sua documentação deve estar toda em dia.
Independente do tamanho e condições da sua empresa, consulte seu contador para verificar qual o regime melhor irá atendê-lo.
6. O que são as obrigações acessórias
São chamadas obrigações acessórias, as medidas que regularizam a situação da empresa perante o governo (seja ele municipal, estadual ou federal).
Já vimos anteriormente, como é essencial manter a saúde financeira do seu negócio em dia, por isso é tão importante estar com as obrigações acessórias pagas devidamente. O não pagamento pode gerar uma despesa extra que pode arruinar seu fluxo de caixa.
O que, de fato, são as tais obrigações acessórias?
Agora que sabemos da sua importância, é importante salientar que as obrigações acessórias são declarações onde há informações sobre as empresas, podendo ser mensais, trimestrais ou anuais.
Seu objetivo é que a empresa declare as informações solicitadas pelos órgãos competentes, com o intuito de estar financeiramente com as obrigações em dia.
As obrigações acessórias variam de acordo com o regime tributário, cada qual possui as suas especificações, dentre as mais comuns podemos citar:
- SINTEGRA (Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços);
- CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados);
- DIRF (Declaração do Imposto sobre a Renda Retida na Fonte);
- GIA (Guia de Informação e Apuração do ICMS);
- SEFIP (Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social);
- ECF (Escrituração Contábil Fiscal).
O ideal é que o empreendedor fique atento ao prazo de cada uma de suas obrigações, para isso é essencial uma contabilidade atenta e responsável.
7. Controle de Estoque
Agora que o seu negócio já tomou forma e possui uma base tributária, é hora de colocar a mão na massa quando falamos em produto.
Um controle de estoque é essencial para a organização e preparo do seu estabelecimento, mas o que significar ter este controle?
Significa que o monitoramento dos produtos armazenados é imprescindível para que as demandas sejam atendidas, sem que o gestor tenha prejuízos com excesso de produtos.
Como devo começar?
O gestor financeiro deve ter total controle de tudo que entra e sai de seu estoque, o ideal é que os produtos sejam catalogados na chamada “Ficha de Estoque” e que suas informações principais estejam preenchidas corretamente:
- Código e descrição da mercadoria;
- Custo por unidade;
- Tipo de produto;
- Data de entrada;
- Histórico de movimentação.
Com isso, o trabalho se torna menos árduo, uma vez que a “vida” do produto já está toda registrada, seja em sistemas específicos existentes no mercado, ou mesmo, através do uso de planilhas.
Consequências da falta do controle de estoque
Um dos erros mais comuns quando falamos de gestão, é a falta de controle de estoque. Como consequência principal, o gestor não consegue mensurar se o consumo dos materiais está de acordo com as necessidades reais do negócio.
Para isso, é necessário acompanhar de perto a entrada e saída de mercadorias, o ideal é que o estabelecimento tenha um sistema informatizado que dê conta de todas essas informações.
Controlar toda a mercadoria que está saindo de estoque (mesmo que momentânea, como é o caso dos consignados) é de extrema importância para que seu estoque físico esteja sempre “batendo” com o estoque virtual.
Agora que você, empreendedor, já tirou grande parte das suas dúvidas, é hora de colocar seu Planejamento Estratégico em ação e executar todas as etapas corretamente para o seu negócio ser um sucesso.